21 de outubro de 2007

O aquecimento global e os cataclismos

As projeções reveladas pelos estudos do IPCC mostram que o aquecimento poderá variar de região para região, sendo acompanhado por aumentos e diminuições na precipitação (chuvas). Além disso, poderão ocorrer alterações na variabilidade do clima e na freqüência e intensidade de alguns fenômenos climáticos extremos.

A literatura disponível ainda não avaliou os impactos, adaptações e vulnerabilidade decorrentes das mudanças climáticas, quando considerado os valores máximos de aquecimento apontados pelas projeções. As evidências existentes, porém, indicam que as mudanças regionais no clima - particularmente, o aumento de temperatura - já afetaram um conjunto de sistemas físicos e biológicos em diversas partes do mundo. Os exemplos incluem o encolhimento das geleiras, o derretimento parcial de camadas de gelo permanente, o congelamento tardio e descongelamento precoce do gelo em rios e lagos, o declínio das populações de algumas plantas e animais, a antecipação da floração de algumas árvores, do surgimento de insetos e da postura de ovos de algumas aves.

Foram avaliadas pesquisas de longo prazo, em geral 20 anos ou mais, e os resultados revelam possíveis associações entre mudanças regionais na temperatura e alterações em sistemas físicos e biológicos em muitos ambientes terrestres, marinhos e de água doce. Apesar de haver outras variáveis em ação, o conjunto de evidências de que mudanças recentes na temperatura levaram a impactos em sistemas físicos e biológicos é considerado pelos analistas como altamente confiável.

Muitos sistemas humanos são sensíveis às mudanças climáticas. A vulnerabilidade das sociedades humanas e dos sistemas naturais às condições climáticas extremas é demonstrada através dos danos, adversidades e mortes causados por eventos como secas, enchentes, ondas de calor, avalanches e tempestades. Embora haja incertezas quanto às estimativas de tais mudanças, as projeções apontam para o aumento na freqüência e/ou gravidade de alguns eventos extremos durante o século 21, devido a alterações na média ou variabilidade climática, devendo-se então esperar que a severidade de seus impactos também cresça com o aquecimento global.

As mudanças climáticas calculadas para o século 21 têm o potencial de causar futuras mudanças em, larga escala, e irreversíveis, nos sistemas do planeta, resultando em impactos de escala continental e global. Por exemplo, a redução significativa da velocidade de circulação das águas no oceano, que faz chegar água quente ao Atlântico Norte, afetaria os níveis de oxigênio em águas profundas e a absorção de carbono pelos oceanos e ecossistemas marinhos, reduzindo o aquecimento em algumas partes da Europa. O derretimento das camadas de gelo da Groenlândia e Antártica, por sua vez, poderiam aumentar o nível global dos oceanos em até 3 metros ao longo dos próximos mil anos, cobrindo diversas ilhas e inundando extensas áreas costeiras.

Os sistemas humanos sensíveis às mudanças climáticas incluem principalmente recursos hídricos; agricultura (especialmente segurança alimentar) e silvicultura; zonas costeiras e sistemas marinhos (pesqueiros); ocupações humanas, energia e indústria; seguros e outros serviços financeiros; e saúde humana. A vulnerabilidade desses sistemas varia de acordo com a localização geográfica e com as condições sociais, econômicas e ambientais.

Perguntas e respostas sobre o aquecimento global

1) “Aquecimento global” não é ‘‘efeito estufa” ?


Efeito estufa é um fenômeno natural que assegura a manutenção da vida na Terra. Graças ao efeito estufa, ou seja, aos gases que compõem a atmosfera há milhares de anos, a temperatura média do planeta é de aproximadamente 15°C, favorecendo a manutenção da vida. Aquecimento global é o fenômeno causado, entre outros fatores, pela queima progressiva de petróleo, carvão e gás, e que agrava o efeito estufa. Segundo cientistas da ONU, não há dúvidas de que a humanidade contribui para o aquecimento global. O que não se sabe exatamente é em que proporção isso acontece.

2) Aquecimento global não tem nada a ver com camada de ozônio?

A camada de ozônio tem a função de proteger o planeta da radiação ultra-violeta do sol. A exposição excessiva a essa radiação provoca queimaduras e pode causar câncer de pele. A camada de ozônio é destruída pela ação de alguns gases industriais, como o CFC (clorofluorcarbono) e o HCFC (hidroclorofluorcarbono), que, apesar de não serem controlados pela Convenção de Mudança do Clima e pelo Protocolo de Quioto, são gases de efeito estufa. Tratados internacionais estabeleceram a substituição desses gases por outros que não destruam a camada de ozônio. Há um aspecto do problema que pode causar confusão se não for devidamente compreendido: o ozônio é um gás de efeito estufa natural, portanto, a destruição da camada de ozônio ajuda a esfriar a Terra, embora ninguém defenda isso.

3) Os Estados Unidos assinaram o Protocolo de Kyoto?

Ao contrário do que se pensa, os Estados Unidos assinaram o Protocolo de Quioto no segundo governo Clinton, em 1997. Mas nem Clinton, e muito menos George W. Bush, ratificaram o protocolo. A ratificação significa o endosso do parlamento de cada país ao documento. Os Estados Unidos emitem 25% de todos os gases-estufa do planeta. Transformam em fumaça 20 milhões de barris de petróleo por dia. O governo americano alega que a implementação do protocolo implicaria custos danosos a sua economia. E considera injusto que países como China, Índia e Brasil não tenham compromissos formais de redução.

4) As regras básicas do Protocolo de Kyoto

O Protocolo de Kyoto prevê que os países ricos ou industrializados (do chamado Anexo 1) reduzam suas emissões de gases-estufa em pelo menos 5% (cada país tem sua meta diferenciada), tendo como base o ano de 1990. O primeiro período de compromisso do protocolo é entre 2008 e 2012. Outros períodos de compromisso serão necessários para que se resolva o problema. Estima-se que seria necessário reduzir em 60% as emissões atuais de gases-estufa para conter o aquecimento global.

5) Por que só os países industrializados têm de reduzir emissões?

Ratificado pôr 136 nações (até fevereiro de 2005), o Protocolo de Kyoto definiu que apenas os países industrializados têm o compromisso formal de reduzir emissões. A lógica é a seguinte: essas nações (36), historicamente as que mais lan¬çaram gases-estufa na atmosfera, são as principais responsáveis pelo aquecimento global. De acordo com o governo brasileiro, tais países contribuíram com 90% dos gases acumulados na atmosfera. O CO2 (dióxido de carbono) leva séculos para se decompor, e seu lento e perigoso acúmulo deriva da queima de petróleo, gás e carvão que vem ocorrendo desde a Revolução Industrial.

6) O Protocolo de Kyoto não é um tratado para reduzir os gases poluentes?

A função primordial do acordo é reduzir o aquecimento global. Inúmeros gases poluentes ficaram de fora do tratado.

7) Guerra diplomática

Como a industrialização de países em desenvolvimento como China, Índia, Brasil e Indonésia aconteceu mais tarde, eles não têm a obrigação de reduzir suas emissões no primeiro período de compromisso do Protocolo de Quioto (2008-2012). Entretanto, já há um forte lobby para que assumam, a partir de 2013, compromissos formais de redução. A China é o segundo maior emissor de gás carbônico do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos. Brasil e Índia estão entre os seis maiores emissores. Um estudo das Nações Unidas, revela que as emissões de gases-estufa das nações em desenvolvimento superarão as dos países desenvolvidos entre 2015 e 2020. Ainda assim, o bloco dos “emergentes” não aceita compromissos formais de redução.



Fonte: Ceticismo, Ciência & Tecnologia

Sobre: Climate change 2001: impacts, adaptation, and vulnerability. Relatório do grupo de trabalho 11 do IPCC. Edição: Patricia Mousinho.

Para saber mais:

Sobre o Protocolo de Kyoto (ou Protocolo de Quioto):

http://pt.wikipedia.org/wiki/Protocolo_de_Quioto
http://www.greenpeace.org.br/clima/pdf/protocolo_kyoto.pdf
http://www.brasilescola.com/geografia/protocolo-kyoto.htm
http://www.ipcc.ch

Sobre o Aquecimento Global:

Ministério de Ciência e Tecnologia
http://educar.sc.usp.br/licenciatura/2003/ee/Aquecimentol1.html
http://pt.wikipedia.org/wiki/Aquecimento_global
http://www.fiocruz.br/biosseguranca/Bis/infantil/aquecimento_global.htm

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