12 de dezembro de 2007

Pesquisas com mudanças climáticas atraem neozelandeses ao Brasil

Pesquisadores da Nova Zelândia ligados ao Ag Research, instituto de pesquisa daquele país, visitaram a Embrapa Meio Ambiente (Jaguariúna, SP) nesta quarta-feira, 11 de julho.

Os objetivos da visita foram conhecer os principais centros de pesquisa do Brasil e o seu trabalho atual na área de mudanças climáticas globais, discutir possibilidades de pesquisa conjunta e intercâmbio de informações na área, além de promover a participação do Brasil na Conferência Internacional na Nova Zelândia em novembro de 2007.


Pesquisador neozelandês faz perguntas durante apresentação de Alfredo José B. Luiz, chefe adjunto de P&D da Embrapa Meio Ambiente.
Foto: Mário Henrique Cardoso

De acordo com o chefe-geral da Unidade, Claudio Spadotto, a interface temática agricultura e mudanças climáticas é estratégica para a Embrapa Meio Ambiente e o objetivo da visita, além dos já mencionados, foi procurar identificar pontos de interesse mútuo para, juntamente com a Assessoria de Assuntos Internacionais - ARI da Embrapa, buscar o estabelecimento de parcerias com instituições neozelandesas. “Teremos também oportunidade de saber quais trabalhos vêm sendo desenvolvidos na Nova Zelândia e se poderemos ter a chance de troca de experiências entre as equipes”, salienta.

Durante a visita da comitiva a Embrapa Meio Ambiente teve a oportunidade de mostrar trabalhos de pesquisa relacionados ao tema das mudanças climáticas, com o qual trabalha há cerca de 13 anos, além de uma apresentação institucional e técnica sobre a Unidade, feita pelo chefe adjunto de Pesquisa e Desenvolvimento, Alfredo José Barreto Luiz. “Mais recentemente o número de trabalhos da Unidade nessa área tem aumentado e o tema tem ganhado importância, inclusive com grande divulgação na mídia”, completa Spadotto.

Durante o seminário "Greenhouse gases and animal agriculture", Harry Clark e Cesar Penares, da área de nutrição animal e ruminantes do Ag Research, além de Hayden Montgomery, representante do Ministério da Agricultura e Florestas daquele país e Haike Manning da Embaixada da Nova Zelândia no Brasil, tiveram a oportunidade de conhecer algumas pesquisas desenvolvidas pela Embrapa na área de mudanças climáticas globais. Aos neozelandeses foram apresentados por pesquisadores da Embrapa Meio Ambiente o Projeto Agrogases: Estudos da Mensuração de Metano em Ruminantes, coordenado por Magda A. Lima; Fluxos de CO2 nas Culturas de Cana-de-açúcar e Eucalipto, estudo realizado por Osvaldo Machado Cabral; e o Projeto Efeito de Mudanças Climáticas Globais sobre Doenças de Plantas, de Raquel Ghini. Além destas palestras, houve também apresentação da Plataforma de Mudanças Climáticas Globais, pelo chefe-geral da Embrapa Informática Agropecuária (Campinas, SP), Eduardo Delgado Assad, convidado para o evento. Após as apresentações foram discutidas possibilidades de parcerias interinstitucionais, e visita aos laboratórios da Unidade.

De acordo com Magda, os resultados do projeto Agrogases deverão contribuir para a melhoria de práticas agropecuárias, florestais e agroflorestais que levem à sustentabilidade dos sistemas de produção e à redução de impactos ambientais, sobretudo aqueles relacionados à mudança climática global. “Dentro desta perspectiva, poderá contribuir com a política nacional sobre mudança do clima, inclusive na avaliação de projetos destinados ao Mecanismo de Desenvolvimento Limpo - MDL, no âmbito do Protocolo de Quioto, pois a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, criada em 1992, da qual o Brasil é signatário, demanda que os países membros realizem inventários periódicos de emissões de gases gerados por atividades agrícolas, industriais e urbanas”, informa ela.

Raquel informa que para o estudo dos impactos das mudanças climáticas sobre doenças de plantas estão sendo desenvolvidos dois projetos. No primeiro, as doenças estão sendo avaliadas dentro de estufas de topo aberto com injeção de dióxido de carbono, para simular as alterações atmosféricas e seus efeitos na ocorrência de doenças de plantas. Com isso, explica a pesquisadora, “serão avaliados parâmetros epidemiológicos, o ciclo e a ocorrência das doenças, como oídio da soja, brusone do arroz, ferrugem do cafeeiro e do feijoeiro”. Os resultados são comparados com o desenvolvimento das doenças em estufas com atmosfera atual.

No segundo projeto, mapas de distribuição geográfica de doenças e pragas do café, bananeira, feijoeiro e outras culturas, estão sendo obtidos para o cenário futuro, utilizando os modelos climáticos globais disponibilizados pelo IPCC (Painel Intergovernamental em Mudança do Clima). De acordo com ela, tais mapas são comparados com os obtidos para o cenário climático atual. Ela explica que com dados dos últimos 30 anos, usando um modelo de simulação, foram obtidos mapas para o cenário atual, e estes foram comparados com os mapas projetados para os cenários futuros (2020, 2050 e 2080). “Nestes mapas em uma visão mais otimista e em um outro em visão mais pessimista foi constatado que haverá uma maior incidência de nematóides, ferrugem e bicho-mineiro do cafeeiro”, explica ela. No entanto, para a cultura da bananeira, há tendência de redução da severidade da Sigatoka Negra. “A idéia é trabalhar com outras doenças de outras culturas importantes para exportação”, conta Raquel.


Fonte : http://www.cnpma.embrapa.br

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