19 de janeiro de 2008

Consumo em alta mantém pressão sobre energia

Os preços de referência de energia elétrica permaneceram em R$ 569,59 por megawatt-hora (MWh) para as Regiões Sudeste/Centro-Oeste, Sul e Norte, conforme dados da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE). É a segunda semana consecutiva em que os preços ficam no máximo previsto pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), que regulamenta a questão.

Na Região Nordeste, os dados da CCEE apontam para queda de 3,8%, com o MWh caindo para R$ 548,14. No ano passado, nesta mesma época do ano, o MWh estava em R$ 17,59 nos quatro submercados. Em 2006, os preços eram de R$ 40,46 no Sudeste/Centro-Oeste e Sul e de R$ 16,92 no Norte e Nordeste. Em 2005, os preços de referência era de R$ 18,33 por MWh nos quatro submercados.

As chuvas em janeiro continuam muito abaixo do observado na média dos últimos 76 anos e houve uma piora na Região Norte. Nessa região, as chuvas de janeiro estão 62% abaixo da média histórica, o que surpreendeu o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e obrigou o operador a suspender a transferência de energia do Norte para o Nordeste. O complemento do suprimento do Nordeste tem sido feito pelas usinas do Sudeste, com a transferência de 2.800 MW médios, o que corresponde a 37% da carga regional. As chuvas no Nordeste também continuam fracas e estão 58% abaixo da média histórica. No Sudeste/Centro-Oeste as chuvas também estão fracas, 47% abaixo da média histórica para esta época do ano.

A "antecipação" do carnaval este ano, que cairá no dia 1º de fevereiro, e o término do horário de verão no próximo dia 17 vieram se somar à falta de chuvas para complicar a oferta de energia elétrica no País nos próximos meses. Os reservatórios das grandes hidrelétricas continuam muito abaixo da previsão do governo, devendo encerrar janeiro quase 10 pontos abaixo do previsto em dezembro. "A falta de chuvas é o fator principal, mas o carnaval mais cedo e o fim do horário de verão contribuem para aumentar o consumo e dificultar a oferta", disse um técnico que acompanha o dia-a-dia do setor.

As atividades econômicas tendem a se acelerar após o carnaval e o horário de verão colabora para evitar picos de energia no fim da tarde, já que há o ganho de uma hora no aproveitamento da claridade do sol. Com o término do horário de verão, os trabalhadores chegam mais cedo em suas residências, no momento em que as indústrias ainda estão em plena atividade. "Pode parecer pouco, mas milhões de pessoas abrindo as geladeiras e ligando a televisão ao mesmo tempo fazem diferença no consumo de energia, num momento em que as indústrias ainda não desligaram as máquinas", disse o técnico.

O ritmo da atividade econômica também contribui para ampliar o consumo de energia elétrica. No ano passado, pelas estimativas da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), o aumento no consumo 49.734 MW médios, com aumento de 4,8% sobre a média de 2006. Em valores absolutos, isso significa um acréscimo de 2.261 MW médios adicionais a cada 12 meses.

Esse montante representa cerca de 50% da geração de todas as térmicas que estão em atividades atualmente. Ou seja, a cada dois anos, o mercado nacional "engole" a oferta das térmicas que estão em condições efetivas de operar. Se o Produto Interno Bruto (PIB) continuar crescendo, o aumento na demanda este será semelhante à do ano passado.

Fonte:http://www.estadao.com.br/estadaodehoje

Nenhum comentário: