
“Das placas podemos obter, entre outros elementos químicos, estanho, níquel, ouro, paládio, alumínio, chumbo e, principalmente, cobre”, explica Veit. Segundo o pesquisador, de uma tonelada de sucata é possível reaproveitar 53 kg de cobre, propiciando uma economia relevante. “Além de recuperar cobre, que é um metal caro, impedimos, por meio da separação, que o chumbo contamine o ambiente”, completa.
O processo começa com a separação de materiais que contêm substâncias corrosivas, como baterias, e em seguida as placas passam por rotores dotados de facas de aço. A sucata é moída duas vezes até que todos os pedaços fiquem com menos de 1 mm. Segundo Veit, a moagem libera os metais – faz com que os materiais polímeros e cerâmicos deixem de envolvê-los. Depois o pó é peneirado para uma primeira separação, chamada de granulométrica. Em geral os metais são mais grossos que as outras substâncias.
Ferro e níquel são, então, retirados da mistura por meio magnético, e os polímeros e cerâmicos, por não serem condutores, acabam completamente separados no processo eletrostático. O passo seguinte é a dissolução dos metais em ácido sulfúrico para transformá-los em íons, aos quais é aplicada uma diferença de potencial capaz de provocar o depósito de um elemento específico, como, por exemplo, o cobre. Veit explica que cada metal tem um potencial elétrico característico. Portanto, a aplicação de uma corrente elétrica específica faz com que uma substância se deposite, enquanto as outras continuam em solução.
A solução é encerrada em uma espécie de caixa, na qual uma das paredes é um catodo (pólo negativo) e outra é um anodo (pólo positivo). Nesse caso, o catodo é uma chapa de cobre e, quando a solução é submetida a uma corrente elétrica, os íons de cobre se depositam na forma sólida sobre a chapa. O processo leva cerca de quatro ou cinco horas e até agora só foi feito em escala laboratorial.
Aplicação prática
A pesquisa provou que, com a reciclagem, é possível obter cobre com 99% de pureza, a um custo equivalente ao da retirada do cobre da natureza. O processo traz inegáveis benefícios para o ambiente, uma vez que reduz a necessidade de extração do cobre e retém no laboratório metais pesados como o chumbo, cuja dispersão na natureza é muito nociva.
Como o processo nunca foi aplicado em escala industrial, não é possível estimar suas vantagens econômicas. Segundo Veit, não existe uma legislação específica que obrigue as empresas a encontrar um destino adequado para esse tipo de sucata. Por isso a iniciativa privada não tem interesse em adotar o processo em seus laboratórios.
A pesquisa de doutorado de Veit – orientada pela engenheira Andrea Moura Bernardes, do Departamento de Materiais da UFRGS – foi premiada, na categoria Graduado, na última edição do Prêmio Jovem Cientista, promovido pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Para o pesquisador, a premiação, em março passado, foi um grande estímulo para levar seu estudo adiante. Veit já tem em mente um novo projeto: ampliar a pesquisa para a reciclagem do produto inteiro e não só das placas. Seu próximo passo será estudar os telefones celulares.
Fonte: http://ceticismo.wordpress.com/
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